sexta-feira, 28 de outubro de 2011

As águas quentes de Poxoréu


A negociação foi fácil. Demorou poucos minutos. A turma logo percebeu que tinha dado certo e já começou a descer e caminhar para a entrada do lugar. Nem esperaram o toque do sino de todo dia, de Dona Maria do Sino. Mas também ela não tinha levado o sino. No lugar do sino ela levou um grande guarda-chuva. Segundo ela, o guarda-chuva era para ser um trocador de roupa, caso nas tais “Águas Quentes” não houvesse um local adequado para se trocar a roupa molhada na hora de ir embora. Dona Maria do Sino sempre foi muito metódica, seguindo à risca as ordens superiores. Na escola, só falta o toque do sino quando o sino some. Mesmo assim, ela improvisa. Um outro dia ela apareceu na porta da sala dos professores tilintaliando um molho de chaves. “Que é isso Dona Maria?”, perguntaram-lhe. “É o sino!”, disse ela. “O sino sumiu, mas já está na hora de começar as aulas”, concluiu.
E assim chegaram.
As águas quentes não são tão quentes. São agradáveis. As piscinas têm fundo de areia branca. Tem as mais rasas para as crianças e os mais velhos que passaram pelas piscinas da vida sem aprender a nadar. E tem as piscinas mais fundas, para os maiores caminharem e para os nadadores nadarem. Uma das piscinas é sombreada por grandes e lindos buritizeiros; as outras são cobertas apenas pelo sol.
E assim chegaram.

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