sábado, 13 de dezembro de 2014

Pacto pelo fortalecimento do ensino médio

Desde o mês de setembro deste ano, os profissionais da educação da EE. PE. CÉSAR ALBISETTI, Poxoréu, MT, vem realizando sua formação continuada, atendendo aos compromissos do "Pacto pelo fortalecimento do ensino médio".
O trabalho consiste na leitura, compreensão e aplicação de seis cadernos na Etapa I e de cinco cadernos na Etapa II.
No mês de setembro, estudamos o caderno I, dispondo sobre "O ensino médio e a formação integral". No mês de outubro, o caderno II, tratando do tema: "O jovem como sujeito do ensino médio". No mês de novembro estudamos o caderno 3, o qual tratou do "Currículo do ensino médio, seus sujeitos e o desafio da formação humana integral". E agora, no mês de dezembro, estamos estudando o Caderno IV, que trata das "Áreas do conhecimento e integração curricular".
Ao refletir sobre as áreas de estudos, concluímos nossa reflexão, entendendo que devemos ter uma nova visão de mundo, que possibilite a sua compreensão de forma holística, em contraposição à forma cartesiana/newtoniana de dividir para compreender, que tem levado à realização de um trabalho fragmentado.
Para sintetizar as nossas conclusões a respeito, publicamos essa breve reflexão, a qual intitulamos de "Uma Nova Visão de Mundo", cuja redação final ficou ao nosso encargo:

Uma nova visão de mundo

Redação: Prof. Izaias Resplandes de Sousa

“Holístico vem do grego “holos”, que significa totalidade; é a compreensão da realidade a partir de totalidades integradas que não podem ser reduzidas a unidades menores”[i].
Não há dúvida de que a compreensão do mundo seja polissêmica, quando se pensa em leituras globalizadas e especializadas. Uma é a leitura do todo e outras, bem diferentes, são as leituras das partes, ainda que a leitura destas, quando o todo possibilitar a dissecação, possa contribuir para uma ampliação exponencial do todo, quando também possível for a reintegração das partes examinadas ao todo original.

A visão cartesiana/newtoniana do mundo segmentado em zilhões de partes, em que cada qual torna-se objeto de estudo especializado lato e stricto senso, ainda que contextualizada histórica e contemporaneamente, já não é suficiente para a compreensão do atual mundo globalizado, síntese dos mundos individualizados de todos os tempos.  Hoje se requer uma visão também globalizada, capaz de compreender o significado do todo em que todos nós existimos.

É certo que a visão globalizada é menor do que o somatório das divisões do todo em partes, mas o homem não vive nas partes. Seu solo é o todo, do qual, para nele viver, necessita de acurada compreensão. Assim, havemos que empregar esforços para evoluirmos da visão cartesiana/newtoniana para a visão holística globalizada, ainda que sem desprezar aquela, posto que continua sendo necessária para a promoção do desenvolvimento da ciência, que suscitará novos trabalhos, novas tecnologias e novos acréscimos culturais a serem integralizados pela humanidade e pelo mundo globalizado.

Exportando a ideia da necessária visão holística, para o campo educacional e, mais especificamente, para o trabalho pedagógico escolar, vemos que a forma fragmentada disciplinar, atualmente utilizada, igualmente, já não serve de paradigma para a aquisição do conhecimento historicamente acumulado pelas gerações passadas, com vista à transformação do mundo atual em um lugar melhor para se viver. Também precisamos avançar nessa área.

O mundo globalizado exige um conhecimento globalizado. A divisão do trabalho pedagógico em disciplinas pode contribuir e contribui para a aquisição do conhecimento especializado de cada uma. Mas isso não basta. Da mesma forma que o todo foi aberto em partes para ser mais bem compreendido, faz-se necessário fechá-lo, integralizando-o outra vez. A educação tem feito a abertura do todo, mas não tem realizado o fechamento. E com essa forma de atuar, não tem alcançado êxito em fazer com que o universo de conhecimentos adquiridos pelos estudantes, possa convertê-los em agentes de transformação, pelo fato de que eles não conseguem trabalhá-los para criar novas tecnologias que façam do mundo um lugar melhor para viverem. Destarte, parece-nos que tal aprendizado esteja se apresentando como despido de concretude.

A proposta educacional brasileira prevista nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais prevê que o trabalho escolar seja realizado por meio de quatro áreas de conhecimento, quais sejam: Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza, e Matemática. A divisão em áreas, ainda é um processo fragmentário, mas já seria um avanço em relação à divisão por disciplinas, ainda mais que a referida proposta curricular prevê que as quatro áreas do conhecimento atuem em interdisciplinaridade, de forma que a compreensão e transformação do todo seja o objetivo mediato do trabalho pedagógico escolar.

Por outro lado, o trabalho interdisciplinar e através de áreas do conhecimento não significa necessariamente um rompimento absoluto com o trabalho disciplinar. Pelo contrário, além de ofertar o conhecimento especializado da disciplina afim, o educador também ofertará sua contribuição para alcançar o objetivo da área de estudo.

Conclui-se que, esse trabalho voltado para a compreensão do todo, enquanto todo, aliado à interdisciplinaridade, deverá proporcionar a apropriação útil do conhecimento historicamente construído pelas gerações passadas, de forma que sirvam para promover a transformação do mundo atual em um lugar melhor para todos.




[i] CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação, 1982, p. 8.

Nenhum comentário:

Postar um comentário